Correção de inclinação (slant)

Um problema que não existia no sistema antigo de 120 linhas em 8 segundos (BW8) ! (e em outros modos antigos).
Porque o pulso de sincronismo horizontal era usado como tal, isto-é, provocava o retorno da varredura horizontal do monitor, linha por linha, sincronizando a varredura do receptor com o transmissor, do mesmo modo que se faz até hoje em TV analógica...

Mas um ruído em 1200 Hz podia ser interpretado como um falso pulso de sincronismo, provocando uma nova varredura num ponto qualquer dentro da linha, atrapalhando uma ou mais linhas. Um ruído qualquer também provocava serrilhamento (tremor) nas bordas verticais da imagem, como se vê na figura seguinte, de 1982, em BW8:

Por isso, nos sistemas modernos, resolveu-se usar o pulso de sincronismo horizontal apenas para sincronizar o inicio da primeira linha, deixando a varredura horizontal do receptor totalmentelivre ( Free run em inglês ) durante todo o resto da imagem. (o pulso continua sendo apenas monitorado para reiniciar a varredura se houver muito erro, dependendo do soft). (nos modos AVT, Amiga VideoTransceiver, o pulso nem existe mais, sendo substituído por um cabeçalho digital).
O pulso de sincronismo horizontal serve também como referência para a sintonia em SSB e para marcar o inicio exato da primeira linha, para permitir a correta sobreposição das cores (fase) ou registro de cores.
É claro que agora é preciso uma varredura com altíssima estabilidade e precisão em freqüência, o que é conseguido com osciladores com cristais de quartzo.
Uma placa de som de boa qualidade tem um oscilador que garante boa estabilidade em freqüência, mas não a precisão suficiente, porque em audio uma precisão de até 1% é suficiente, lembrando que um semitom corresponde a uma mudança de 2 elevado a 1/12, ou seja, 5,946%.
Acontece que 1% para uma imagem em Martin 1 corresponde a 1,14 segundos, ou seja, mais de duas linhas de erro no final da imagem, o que é totalmente inadmissível. (neste caso o valor de e seria igual a H já no meio da imagem, na fig. 2).
A imagem seguinte corresponde a uma recepção OK, ou seja, não há erro de freqüência entre os cristais das placa de som do transmissor e do receptor (ou os dois estão com o mesmo erro absoluto !).
fig. 1
A imagem seguinte (fig 2) mostra um erro entre receptor e transmissor de + 0,007% apenas !... E no caso, o oscilador da placa de som do receptor esta com 0,007% a mais que a do transmissor. É fácil concluir isto: a varredura de cada linha no receptor começa antes do pulso de sincronismo, portanto o receptor anda mais depressa que o transmissor.
Se a inclinação da imagem fosse para a esquerda, (ou seja, e aparece do lado direito) o erro seria para menos. Os: a linha preta inclinada é a imagem de parte do pulso de sincronismo.
fig. 2
Na figura acima e é o erro total acumulado após n linhas de varredura, portanto o erro relativo de freqüência entre as placas Tx e Rx e dado por :
erro (%) = 100 x ( e / H ) / 3n . ( obs.: e e H podem ser medidos em mm ou pixel)
Esta formula é válida somente em modos baseados em RGB, como por ex. Martin e Scottie.
Como os osciladores não tem trimmer para ajuste fino de freqüência, a correção é feita matematicamente (por soft) por uma regra de três. Cada soft de SSTV tem um procedimento particular de ajuste pratico para determinar o erro e a sua correção, explicada no manual ou no help.
Para que o erro absoluto seja zero, é preciso uma referencia de alta precisão: usamos os pulsos de segundos de WWV em 5, 10 ou 15 MHz, cuja precisão é de um relógio de césio. É claro que o soft de SSTV deverá ter uma varredura de 1 segundo ou múltiplos inteiros, por ex. Fax 60 lpm ou ainda uma opção própria para WWV. Veja aqui.
Na falta de WWV, usamos a transmissão de um colega, sabidamente correta...

Obs. : o numero que aparece no soft de SSTV, como por exemplo 6000,00 ou 11025,00 não é a freqüência do oscilador a cristal da placa (que é muito maior, na faixa de MHz), mas uma freqüência derivada dele por síntese e usada como freqüência de amostragem no conversor analogico/digital da placa.